"Se o que fizeste ontem te parece grandioso,é porque hoje ainda não fizeste nada."

terça-feira, 21 de agosto de 2012

UÈ patrão!



O espaço europeu, onde nos inserimos, está no meio de vários confrontos estratégicos, actuais, que estão longe de serem minimamente claros e entendidos pela opinião pública portuguesa...muito menos por mim.
O mesmo se passa com a classe mamo-política, que se tem revelado perfeitamente impreparada – e nem sequer vocacionada – para entender o que se passa no mundo e de como Portugal pode ser afectado e/ou defendido, no meio de tão complexa trama.
Creio apenas existirem umas poucas pessoas conhecedoras, capazes de perspectivarem a situação Geopolítica e Geoestratégica de Portugal e com acesso a informação relevante; umas dezenas de milhares de cidadãos espalhados pelo país, que intuem e se preocupam com a gravidade da situação e falam disso acompanhando fino ao final da tarde na esplanada, e umas poucas dezenas de políticos/“gestores”, que são ponta de lança(e partilham a mesma esplanada) dos poderes semi-ocultos que puxam os cordelinhos no xadrez internacional.
Os primeiros estão, por norma, fora do poder e pouco o influenciam; os segundos estão atomizados e dispersos, e sem liderança que os congregue; os derradeiros estão hipotecados a interesses, para os quais Portugal e a Nação dos portugueses, nada valem e nada interessam.

O sistema político, entretanto instituído, tem-se revelado muito incapaz e incompetente para liderar a população. A sobrevivência de Portugal está verdadeiramente em causa, e não são declarações “solenes” a dizerem que temos 900 anos de História e que já ultrapassámos muitas crises, que são garantia de coisa alguma!
E tais tiradas não revelaram, até agora, qualquer virtualidade, a não ser uma falsa sensação de tranquilidade em espíritos mais impressionáveis.
Com este pano de fundo, a que se deve acrescentar o facto de nos termos colocado em pré-bancarrota, que originou a vinda da “Troika” e termos ficado com a soberania limitada; importando cerca de 70% do que comemos e com demografia negativa, tudo o que se passa à nossa volta está a anos-luz de ser tranquilizador.

A Europa está a ficar um vulcão cheio de fumarolas.

A Nato (leia-se, os americanos) tenta empurrar os misseis cada vez mais para cima da fronteira da Rússia; a luta pelas fontes de energias, seu acesso e seu transporte, é feroz e subterrânea; a tentativa de controlo de locais chave, para o comércio, minerais estratégicos e de interesse militar, é global e cada vez mais intensa entre as grandes potências; o terrorismo está longe de estar controlado (eu próprio seria um se não tivesse 8 horas de trabalho por dia); as velhas nações arriscam fragmentarem-se em “autonomias” e tentativas de independência; a “Primavera Árabe”, cujos contornos ainda não se conseguem perceber com nitidez, veio trazer imensos factores de imprevisibilidade e instabilidade; o Médio Oriente continua um barril de pólvora; o Afeganistão e Paquistão aparentam serem incontroláveis e estáveis e o ataque militar contra o Irão foi, aparentemente, adiado, sem se saber exactamente porquê. E não deixa de ser curioso, que a última reunião do Grupo Bilderberg, prevista para Haifa (Israel), tenha sido transferida para Chantilly, Virgínia (USA) (31/5 - 3/6).

Mas não é esse o ponto...o ponto é chegar à crise financeira actual e tentar perceber o ataque ao euro (ao qual jamais Portugal devia ter aderido), o que corre paredes meias com uma aparente tentativa de hegemonia dentro da UE, por parte da Alemanha. Esta arrasta consigo os seus tradicionais aliados e leva a reboque a França. Como é tradição secular nestes casos, a Inglaterra (que funciona como “cavalo de troia” americano, na Europa), já manobra para sabotar o esquema.
É neste âmbito que ocorre o ataque ao euro. A guerra contra o euro parece não ter cara, mas ela existe e está do outro lado do Atlântico.

O que se consegue perceber de tudo isto – a informação relevante é difícil de obter e está camuflada – parece poder levar-me a concluir o seguinte:
As poucas dezenas de famílias /impérios , alguns já centenários, que dominam os EUA (muitas delas de matriz judaica/sionista), que constituem a plutocracia dominante (no mundo), não podem nem lhes convém, lançar mísseis de cruzeiro sobre alvos europeus. Porquê?
Porque a  Geoestratégia e Geopolítica comungam  ao considerarem a união das margens do Atlântico Norte como um objectivo primordial de segurança.
Deste modo os EUA  necessitam do Continente Europeu, sobretudo da sua parte ocidental e central, para uma defesa comum. Obrigado NATO!

Todavia, sendo as margens do Atlântico complementares em termos de segurança são, também, concorrenciais em termos económicos.
Os EUA precisam de ter na Europa um mercado forte para os seus produtos (daí o Plano Marshall estar longe de ser apenas uma ajuda filantrópica), ao passo que nunca deixaram de proteger a sua produção com taxas alfandegárias. Tanto se lê sobre um  segundo Plano Marshall!!!
Enquanto durou a “Guerra-Fria” este esquema funcionou na quase perfeição: Os europeus colaboravam com os americanos do norte nas despesas da defesa, cabendo a maior fatia aos americanos; devido ao guarda-chuva nuclear americano, os países da CEE, desenvolveram-se extraordinariamente e dedicaram-se ao comércio, o que era bom para todas as partes. A Alemanha estava ocupada militarmente (como ainda está agora, embora já não pareça), e pagava vários Euromilhões  tanto para a NATO como para a CEE. E mantinha um “low profile”. 

O Dólar era rei.
A queda do muro de Berlim (9/11/1989); o alargamento da Organização Mundial do Comércio a outros países, principalmente, à China (9/11/2001); a subida de patamar na perigosidade do terrorismo com o ataque World Trade Center (11/9/2001), em Nova Iorque (caso ainda para se perceber verdadeiramente), a evolução dos países muçulmanos e a emergência de novas potências (Brasil, India, Rússia, etc.), veio baralhar tudo. 9,11,9,11,11,9...veio mesmo baralhar tudo.

A economia lá foi andando, havendo problemas cada vez mais acentuados, de âmbito social, nos países europeus (e também nos EUA), por causa da deslocalização das empresas e da concorrência de mão-de-obra barata/escrava.
Porém, o “sangue” de todo o sistema continua a ser o (maldito) dinheiro, isto é a moeda em que a maioria das transações é feita e a que se constitui como reserva mundial. Essa moeda tem sido o dólar.
Ora, tem sido este fluxo ininterrupto de dólares (nomeadamente de “petrodólares”) que permite ao Federal Reserve, em Washington (FED, para os amigos), emitir as notas que quer; manter o nível de vida americano alto (e o preço do combustível baixo), imprescindível para não haver revoltas nos Estados da União e ir financiando o já hiperbólico “deficit” americano.
Eis senão quando o núcleo duro da UE decide avançar com o euro (entrada em vigor,já sem o 9 a 1/1/2002).
O euro começou a fazer concorrência ao dólar e aqui é que a porca torceu o rabo…

Saddam ameaçou negociar o petróleo noutras moedas, até podia ser em euros, resultado, o Iraque foi bombardeado e ocupado. Saddam enforcado. Na altura houve uma crise transatlântica e surgiu a “nova Europa” versus a “velha Europa”, lembram-se?
Kadhafi fez a mesma ameaça (até tentou criar uma moeda única entre todos os países africanos produtores de hidrocarbonetos, para comercializar os mesmos), e passou imediatamente de bestial a besta. Também já cá não está para contar como foi…
Outros casos se deram e o Irão está a aguardar a sua vez. Aparentemente foi necessário tratar da Síria primeiro (e a realidade não tem nada a ver com o que é veiculado nas televisões).
Ora não sendo possível atacar a França e, sobretudo, a Alemanha – que, insiste-se, continua a ser um país ocupado militarmente e com uma constituição imposta pelos vencedores da IIGM – teve de se inventar um novo método.

No meio da ganancia dos principais agentes financeiros mundiais, concentrados do outro lado do Atlântico, ligados em rede pelas bolsas, a mais importante das quais fica na Wall Street (nome originado numa paliçada para proteger os primeiros colonos dos ataques dos índios),eis que apareceram essas figuras enigmáticas chamadas de “mercados”. Estes “mercados” movem-se, então, através dessas outras não menos enigmáticas figuras, apelidadas de “agências de rating”, obviamente americanas.
Primeiro, através da inflação do crédito barato, fizeram disparar as dívidas de governos e indivíduos; apostaram na especulação; inventaram “produtos tóxicos” (fantasmas) e geraram biliões em dinheiro virtual que não tinha qualquer correspondência com a economia real.
Compraram políticos, comentadores e peritos para fazerem acreditar que tudo estava indo no bom caminho; desregularam o sistema financeiro internacional, sobretudo o Ocidental, depois de terem destruído os mecanismos de regulação, incluindo o do próprio governo americano. O sistema cretino-democrático da caça ao voto, fez o resto.

Muitos países endividaram-se a um nível impossível de poderem pagar as dívidas. Portugal foi um deles e não foi o pior.
A Alemanha resistiu, aguentou a indústria e não deslocalizou empresas, mantém uma agricultura muito desenvolvida, óptimos níveis de serviços e muitas mais-valias tecnológicas. Gerou “superavit” e os seus bancos emprestam dinheiro. Com cerca de 80 milhões de habitantes conseguem ter um PIB idêntico à China com 1.3 mil milhões de pessoas...

Resumindo, os países do euro estão a ser atacados um a um através dos seus elos mais fracos (a Espanha vai rapidamente ficar pior do que nós, seguindo-se a Itália e a Bélgica), mantendo o euro e a economia europeia numa instabilidade e derrapagem permanentes. Tal criou clivagens entre os 27, paralisou o processo de tomada de decisão que passou de Bruxelas para Berlim e fez patinar a fuga para a frente do “federalismo europeu”, em que a Srª Merkel pretenderia orientar o caminho, único que permitiria à Alemanha  manter a supremacia na União.

A Grã-Bretanha já iniciou, até, a criação de um cordão sanitário – uma espécie de EFTA actualizada – para lhe fazer gorar os planos.
O pseudo governo instalado em Lisboa, se fosse português, percebesse alguma coisa do que se passa e não estivesse minado por conivências várias, faria os impossíveis por nos tirar desta merda! 

De facto a História não se repete, no sentido em que todo o palco e personagens em que ela se desenrola muda com o rolar dos tempos. Mas isso não impede que outras situações, vividas ou criadas por outras pessoas e com outros (ou os mesmos) métodos, não deem azo a que objectivos idênticos não possam ser atingidos em tempos diferentes.
Acreditem que as 18 invasões militares que o Portugal europeu já sofreu dos seus vizinhos, nestes últimos oito séculos, foram todas diferentes. Embora me pareça, que os seus objectivos não andariam longe uns dos outros...

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